A confiança do comerciante deve continuar subindo no curto prazo, impulsionada por vendas relacionadas a eventos como Copa do Mundo, Black Friday, Natal e Ano Novo.

Mas, no longo prazo, a permanência de confiança em alta é uma incógnita. Há muitas dúvidas sobre como ficarão os programas de transferência de renda, em termos de valores, no ano que vem, bem como qual será a cadência da demanda, e da economia, em 2023. Os empresários do varejo não têm hoje informações completas para visualizar tendência de consumo interno, e de vendas, em horizonte mais prolongado.

A análise partiu de Izis Ferreira, economista da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), ao falar sobre aumento de 0,7%, para 129,7 pontos, no Índice de Confiança do Empresário do Comércio (Icec), anunciado nesta quinta-feira pela CNC.

A técnica ponderou que, historicamente, o fim de ano é bom para vendas de comércio no mercado doméstico. E, em 2022, há eventos adicionais, como Copa do Mundo e Black Friday, que podem ajudar a elevar vendas no varejo, mesmo antes do período natalino, notou ela. “Mesmo depois do ajuste sazonal no Icec, o otimismo [do empresário do comércio] cresceu

Isso, na prática, deve levar a novas altas do Icec até fim do ano, apontou.

No entanto, ao ser questionada sobre continuidade de confiança em alta do setor, em horizonte de longo prazo, a economista foi cautelosa. Ela ponderou que, mesmo com resolução do pleito presidencial, não há informações concretas, hoje, sobre qual será o valor do programa de transferência Auxílio Brasil, se realmente haverá recurso para manter em R$600. Ao mesmo tempo, há dúvidas sobre ritmo da economia, no próximo ano, com inflação ainda persistente e endividamento elevado das famílias – que afeta consumo e, por sua vez, diminui demanda e influencia trajetória do Produto Interno Bruto (PIB).

Assim, no entendimento da técnica, é possível dizer que os empresários do setor têm humor moderado, para horizonte de longo prazo, comentou nela.

“Não sabemos o que vai acontecer em janeiro [com programas de transferência de renda e economia]”, disse. “O cenário [da economia e da demanda ] já está ‘contratado’ para novembro e dezembro. Mas, de fato, quando passamos a olhar um pouco mais à frente em seis meses, não sabemos se esse otimismo vai continuar crescendo” disse, acrescentando ser preciso aguardar novas leituras do Icec, para mensurar se vai ocorrer continuidade de avanço de otimismo no comércio, detectado em outubro.

Fonte: Valor Econômico