A facilidade e a alta adesão do Pix entre os brasileiros também levaram a um aumento de golpes por meio da ferramenta. Nas redes sociais, muita gente tem alertado sobre comprovantes de transferências agendados. Depois de usufruírem de determinado serviço ou produto, os golpistas cancelam o pagamento.

A tática é bastante simples: em vez de fazer a transferência, o golpista agenda o pagamento para horas depois ou outro dia e, antes da data, cancela a operação.Quem vende acaba não conferindo todas as informações relacionadas ao pagamento na hora e não percebe que se trata de um golpe.

Quando o comprovante é enviado por meios eletrônicos, como WhatsApp, o golpista pode alterar a imagem para tentar esconder informações do agendamento.

Com softwares simples de edição, é fácil apagar os trechos de informações como hora e data que o dinheiro vai realmente cair na conta.

“Pix agendado é como um ‘cheque pré-datado’ moderno e padece do mesmo mal: ele pode ser cancelado. Então, se a pessoa ou estabelecimento está aceitando Pix como forma de pagamento, deve-se tomar as devidas precauções até mesmo para cobrar o valor acordado por outros meios”, afirma Waldo Gomes, da Netsafe Corp, empresa especialista em segurança digital.

Recentemente, uma história de edição grosseira de comprovante viralizou porque o golpista não se atentou ao padrão do recibo.

De acordo com o diretor, os comprovantes de Pix agendados são diferentes dos comprovantes da operação normal. Além disso, os bancos não mandam aquela notificação de que você teve um dinheiro transferido para sua conta.

“Os golpistas tentam atribuir isso a algum problema de lentidão do sistema. O sistema de pagamento via Pix é muito moderno e rápido, dificilmente uma transação correta não aparece quase instantaneamente nas contas de quem efetivou e de quem recebeu. Por isso, o pagamento pode ser comprovado de maneira definitiva acessando a conta e verificando o depósito”, diz Gomes.

De acordo com Mathias Naganuma, professor do curso de Defesa Cibernética da Faculdade Impacta, a maioria dos golpes com Pix não é muito complicada de perceber e acaba acontecendo por falta de atenção de quem vai receber o dinheiro.

“Temos muita inclusão digital e pouca educação digital. Geralmente, esses golpes não são sofisticados. O descuido acaba sendo do usuário”, alerta.

Caso você esteja com pressa, ou sem acesso à sua conta do banco no momento, o comprovante do Pix também pode dar pistas se ele é verdadeiro ou falso. Ele deve conter informações essenciais, como:

Número de ID ou transação
Valor da transação
Data e hora
Descrição da transação
Informações do destinatário
Informações do pagador

Se alguma dessas informações não estiver presente ou lhe parecer estranha, desconfie do comprovante e verifique em sua conta se realmente o dinheiro foi transferido via Pix.

O Pix é seguro?

Para os especialistas, o Pix é uma ferramenta segura e que tem evoluído constantemente para facilitar ainda mais as transações bancárias. “A maioria dos golpes não está relacionada a falhas na ferramenta, mas sim a formas de ludibriar pessoas de boa fá com informações falsas, que podem passar despercebidas”, diz Waldo Gomes.

Em relação ao agendamento, o Banco Central fez alterações no sistema no início do ano para que fique claro que o Pix foi agendado e não caiu na conta de quem irá receber. Para isso, o vai fica retido nos sistemas internos e, geralmente, aparece como lançamentos futuros da conta.

Procurada pelo UOL, a Febraban (Federação Brasileira de Bancos) não respondeu às perguntas sobre o Pix agendado. No entanto, a instituição divulgou uma lista de possíveis golpes com a ferramenta: perfil falso no WhatsApp, falsas centrais de atendimento e defeito técnico do Pix.

A Febraban também recomenda que os clientes tomem os mesmos cuidados com o Pix que em qualquer outra operação bancária. Isso inclui a checagem de dados do comprovante e a confirmação se a transferência foi realizada.

Para transações com pagamentos futuros, agendadas ou parceladas, o cartão de crédito é mais seguro, pois o banco emissor garante o pagamento ao lojista.

Via: Uol Economia